O Brasil é um centro muito importante de criação da Arte Naïf, conhecido internacionalmente. Contudo, entre nós, essa arte é pouco conhecida e valorizada.
Essa produção cultural é elaboroada por pessoas que não freqüentaram uma escola de arte; elas são artistas autodidatas. Elas desenvolvem as próprias técnicas de pintura ao longo de suas carreiras e na medida em que vão se deparando com as questões de representação. Em seus quadros, tais artistas não obedecem a princípios de perspectiva, de proporcionalidade, de correspondência com a forma, a técnicas de desenho da forma (por exemplo, do corpo humano).
Muitos artistas usam a técnica do pontilhismo, que, muitas vezes parece um bordado, um delicado rendado... Lindamente, eles pintam o nosso cotidiano, as nossas festas, a fauna, a flora, as coisas que acontecem com eles e conosco. Eles apreendem as coisas do mundo e do mundo da arte, transformando-as do jeito deles, dando-lhes as características de suas pinturas.
A pintura Naïf, às vezes, também é chamada de primitiva ou ingênua. Primitiva e ingênua do ponto de vista de quem? Se não há uma arte superior à outra, se não há uma manifestação cultural superior à outra...

Corcovado, de Lia Mittarakis